"Quais qualidades nos tornam humanos? Quais qualidades precisamos desenvolver mais para aproveitar ao máximo essa nova tecnologia capaz de revolucionar as viagens? Em essência, ainda é um setor muito humano porque ainda estamos em uma fase em que apenas humanos podem viajar."
Resumo
O papel da tecnologia no futuro das viagens é um assunto importante e que analisamos em detalhes neste episódio. Aperte play para ouvir conversa sobre a rápida evolução da tecnologia no setor entre a nossa convidada Siew Hoon Yeoh da Web in Travel e os apresentadores Richard Kocher e Brandon Ehrhardt.
Neste episódio do Powering Travel, você vai descobrir as diferentes maneiras pelas quais o Expedia Group emprega a IA nas viagens, incluindo o lançamento do EG Labs, que usa a IA para ajudar consumidores a descobrir e testar produtos que ainda estão na fase de testes. Siew Hoon e Richard também exploram os elementos das viagens mais bem atendidos pelo toque humano e discutem como a tecnologia pode aprimorar a experiência humana.
Após ouvir este episódio, você vai enxergar de um jeito diferente tudo que está relacionado à tecnologia de viagens, incluindo previsões privilegiadas sobre inovações, além de dicas para acompanhar esse setor em constante evolução.
Transcrição
[00:03:50] Richard Kocher Então, Siew Hoon, vamos falar um pouco sobre os primórdios das tecnologias de viagem. Você fundou a Web in Travel no início dos anos 2000, e ela continua publicando notícias, realizando eventos e criando conteúdo com foco em tecnologias de viagem, distribuição e marketing. Qual foi a sua inspiração para fundar a Web in Travel?
[00:04:06] Siew Hoon Na verdade, a Web in Travel foi fundada em 2005, para ser exata. Fundei a empresa porque estava curiosa para saber como a tecnologia iria mudar o comportamento de viajantes e como fornecedores de viagens teriam que se adaptar para atrair esses novos viajantes com novos comportamentos. Então, acho que minha motivação foi a curiosidade para ver como a tecnologia iria mudar o comportamento de viajantes, em especial na região Ásia-Pacífico. Havia pesquisas nos Estados Unidos e na Europa, mas muito poucas na Ásia. Então, eu estava intrigada. Acho que foi por isso que abri a empresa.
[00:04:56] Richard Kocher Em 2005, o que falavam sobre a tecnologia e a sua influência no comportamento de viajantes? O que chamou a sua atenção naquela época?
[00:05:08] Siew Hoon Agora vou entregar a idade. Foi nos primórdios da internet. Estava tentando entender como eu podia aplicar essa questão ao jornalismo de viagens. Achávamos que a internet revolucionaria tudo, e mudaria a imprensa e como a imprensa precisava se aproximar do público. Tudo isso criou um novo espaço. Foi bem no início. Naquela época, não havia muitas pesquisas, mas lembro que a taxa de penetração de viagens on-line estava abaixo de 10%. Algumas startups estavam começando a surgir. A Booking e a Expedia foram fundadas no fim da década de 1990, não é? Estávamos começando a ver o surgimento de algumas empresas na Ásia, como a MakeMyTrip e a Cheeno, que foi fundada em 2005. A WeGo foi fundada em 2005. Nessa época, os primeiros atores estavam dando as caras. Estávamos nos estágios iniciais em termos de tendências. Estávamos no começo de tudo. Não havia grandes tendências, mas já tinha uma transição para a internet. E eu queria fazer parte dela.
[00:06:30] Richard Kocher E suponho que a internet colaborou para deixar as viagens mais acessíveis no mundo todo.
[00:06:36] Siew Hoon Ainda mais do que a distribuição. As viagens on-line não são só a distribuição, mas toda a infraestrutura. Era preciso levar as viagens para a internet. As companhias aéreas de baixo custo apareceram para permitir que mais pessoas pudessem viajar. Estávamos vendo o surgimento de um movimento em massa nas viagens. Companhias aéreas de baixo custo, um setor hoteleiro muito mais fragmentado, mais empreendedores oferecendo tours e atividades. Era o nascimento das viagens como conhecemos hoje.
[00:07:09] Richard Kocher Gostei do jeito como você relacionou as tecnologias de viagem com a evolução do comportamento humano. Queria retomar esse ponto. Quero falar sobre esse período e como tudo é feito hoje. Como o seu jeito de falar de viagens mudou? E o que não mudou em comparação com 2005?
[00:07:27] Siew Hoon Fundamos a WiT há quase 20 anos e muitas coisas mudaram desde então, ainda mais nos últimos 10 anos. A maior delas foi a aceleração da transição para o digital. Na região Ásia-Pacífico, temos visto uma taxa de 50%. No início, foi difícil convencer as pessoas de que era preciso fazer essa transição para a dimensão digital e que elas deviam participar da Web in Travel. Hoje em dia, não precisamos mais fazer esse trabalho de convencimento. Essa foi a maior mudança. Mas, no início, foi um processo longo e difícil. Lembro que os meus amigos diziam: "Siew Hoon, você quer mesmo fazer isso?" Eu precisei sair do meu emprego estável em tempo integral em uma editora, onde eu era editora-chefe de 5 publicações. Eles falavam: "Você ficou louca? Mas se, por acaso, você ficar sem comida, pode vir comer em casa quando quiser." O lado bom é que eu contava com o apoio dos meus amigos caso tudo desse errado. Felizmente, isso não aconteceu. No início, foi difícil convencer as pessoas. Agentes de viagens eram muito tradicionais. E é preciso destacar que a Ásia é bem heterogênea. Singapura está na vanguarda da inovação, mas a Indonésia está ficando para trás, e tem o Vietnã. É um cenário muito fragmentado e em diferentes níveis. Foi desafiador, mas também divertido, de verdade. Com relação ao que mudou, o ritmo das notícias é bem mais rápido. Muitas coisas estão acontecendo, eu preciso cobrir mais assuntos. A equipe cresceu, e o ritmo das notícias mudou. As startups também entraram em cena. O volume de notícias para cobrir mudou, assim como os assuntos. E tem também as partes envolvidas. No começo, só as grandes marcas, Expedia e redes hoteleiras como InterContinental, Hilton, etc. concordavam em falar conosco. Hoje, conversamos com muitos mais participantes desse ecossistema. Dessa forma, cria-se um conteúdo mais rico, e o período é mais interessante agora porque podemos refletir a diversidade e o dinamismo atuais da região Ásia-Pacífico.
[00:09:53] Richard Kocher Você falou um pouco sobre como saiu do seu emprego na área de editoração para fundar a Web in Travel. Você fazia parte da edição impressa?
[00:10:04] Siew Hoon Sim, sim. A gente publicava revistas profissionais do setor voltadas para agentes de viagens, fornecedores e tal. Comecei a me interessar pela internet quando era editora-chefe, e fomos a primeira empresa a falar sobre tecnologias de viagem e ter um site, mas ainda estávamos indo muito devagar para o meu gosto. Então, achei que seria melhor fazer tudo por conta própria, no meu ritmo, para poder acompanhar as mudanças no mercado.
[00:10:40] Richard Kocher Sim. Você conseguiu ver a imprensa como um tipo de reflexo dessa mudança, de certa forma. Quando pensamos no início dos anos 2000, muitos editores de jornais começaram a apostar em uma presença on-line, alcançar um público global e ter mais eficiência nesse espaço. Você percebeu algum ponto de virada? Você mencionou que o seu trabalho de jornalista passou por uma mudança. Você notou algum ponto de virada relativo a como o consumo do seu conteúdo on-line aumentou?
[00:11:11] Siew Hoon Foi quando as mídias sociais surgiram. Antes das mídias sociais e dos dispositivos móveis, a Ásia se inspirava no Ocidente para espelhar as tendências de consumo. Isso aconteceu nos EUA há uns 5, 8 anos e testemunhamos isso desde o início. Mas acho que o ponto de virada veio com as mídias sociais e, depois, com a adoção em massa dos dispositivos móveis, principalmente porque a Ásia adotou essas tecnologias. No início, trazíamos palestrantes que falavam só sobre as mídias sociais, e eu comparava essas apresentações com as que havia no Ocidente. A Ásia estava muito mais focada nas mídias sociais. Lembro que teve uma palestrante, Melissa, cofundadora da Tujia, uma mulher muito inteligente que hoje trabalha na área de inteligência artificial. Ela está sempre à frente. Ela disse que nem todas as mídias sociais são sobre viagens, mas todas as viagens têm um aspecto social. Essa fala me fez ver a importância das mídias sociais e como elas iriam transformar as viagens na Ásia, pois esse é um mercado muito social e jovem. E, de fato, elas foram decisivas na Ásia. Aí os dispositivos móveis chegaram com tudo. Quando você pensa nisso, com diferentes mercados nos mais variados graus de desenvolvimento, países como Indonésia, Filipinas, Camboja e Laos não tinham uma infraestrutura de telecomunicação muito boa. Mas, se formos pensar na época do surgimento dos dispositivos móveis, mesmo nos lugares isolados, as pessoas tinham celulares e iPads. Eles pularam uma geração. Deu para ver a convergência entre o público de dispositivos móveis e das mídias sociais, um público jovem, e o acesso mudou por completo naquele momento. Na época, o Ram da Phocuswright também disse que o vídeo seria o novo texto. Ele disse isso bem no começo, 3 anos após a fundação da WiT, que o vídeo seria o novo texto na Ásia, em razão das nossas diferentes línguas. Que o vídeo conseguiria superar as barreiras linguísticas. A combinação das mídias sociais, dos dispositivos móveis e do vídeo marcou o início de uma grande transformação na Ásia. Foi aí que a gente se afastou das tendências ocidentais.
[00:14:11] Richard Kocher Sim. Acho que também há um efeito de rede porque os dispositivos móveis acompanham viajantes. Viajantes podem se comunicar com a sua rede de contatos onde estiverem para compartilhar o que estão vendo. Podem fazer isso por vídeo ou foto. E isso vai se juntando aos poucos para formar uma espécie de efeito de rede, para mostrar como as viagens acontecem em diferentes partes do mundo e fazer as pessoas conhecerem esses lugares.
[00:14:35] Siew Hoon Sim, há a criação de uma extensa rede no universo das viagens.
[00:14:38] Richard Kocher Sim. Com certeza. Fale um pouco mais sobre as inovações ou os marcos que, na sua opinião, estão redefinindo a forma como viajamos. Já falamos sobre as mídias sociais, mas agora eu gostaria de abordar a inteligência artificial. Como você enxerga esse tipo de inovação ou marco, se é que podemos chamar assim?
[00:15:00] Siew Hoon Eu ainda não vejo isso como um marco. Para mim, a IA está no mesmo ponto de quando as mídias sociais e os dispositivos móveis surgiram. Nós estamos muito no começo, sabe? A diferença, na minha opinião, é que agora os fornecedores são mais rápidos. Eles avançam quase no mesmo ritmo que consumidores. Vamos pegar a Ásia como exemplo. Foram os consumidores que impulsionaram a mudança. Esses consumidores usam as mídias sociais e os dispositivos móveis, e adoram ver vídeos. Aí, o setor de viagens se adaptou. O setor se esforçou para se adaptar. Enquanto agora me parece que o setor avança no mesmo ritmo que consumidores no tocante a essa tecnologia, porque ela é voltada para consumidores, é uma tecnologia de massa, bem maior do que aconteceu com os dispositivos móveis. Acho que estamos apenas no começo e eu não consigo prever como tudo vai se desenrolar, mas, como jornalista, fico fascinada com as implicações dessa tecnologia. E, como tudo na vida, estou curiosa assim como quando lancei a Web in Travel. Eu comecei a aprender sobre isso por conta própria e uso bastante no trabalho. E isso me permite compreender melhor como outras pessoas usam a tecnologia. Comecei a entender o comportamento de consumidores também. Como eu disse, estamos só no começo. Desculpa, Richard, eu não consigo prever o impacto disso nas viagens. Mas eu posso dizer que a IA vai evoluir ainda mais rápido do que as mídias sociais e os dispositivos móveis, e ela vai reunir muito mais pessoas. A rede vai ser ainda maior que antes.
[00:17:03] Richard Kocher Sim. Acho que você respondeu isso. A questão que surgiu no debate era relacionada a se a IA torna ou não as viagens menos humanas, e eu não sei o que você pensa em resposta a essa pergunta.
[00:17:14] Siew Hoon Na verdade, eu estou preparando uma apresentação sobre a revolução humana. É interessante. Pensei nesse tema porque acho que essa nova tecnologia deveria nos fazer questionar quais as qualidades que nos tornam humanos, porque essa nova tecnologia está desafiando algumas noções. Supúnhamos de que havia tarefas que as máquinas jamais poderiam fazer melhor que humanos, por exemplo, relacionadas à originalidade de pensamento e à criatividade. Mas algumas pesquisas indicam que o ChatGPT, por exemplo, está classificado no percentil superior, que a IA é tão boa, ou até melhor, que humanos em termos de originalidade e criatividade. Não podemos mais nos apegar a isso. Outra qualidade humana que nos orgulhamos de ter é o fato de sermos animais sociais. É por isso que, depois da pandemia, todos queríamos nos reunir, nos abraçar e conviver uns com os outros. Nós pensamos que essas habilidades de interação social são superiores. Nas últimas 2 décadas, especialistas estão trabalhando em robôs sociais, que, usando a IA, poderiam ser mais emotivos, desenvolver inteligência emocional e assim por diante. Ao mesmo tempo, a raça humana ficou menos social. Passamos as nossas vidas… Talvez até mesmo com a nova geração, como os millennials, que nasceram na era digital… Passamos grande parte das nossas vidas no mundo virtual, como estamos fazendo agora. E, assim, perdemos muitas habilidades sociais. Aí, comecei a pensar em quais qualidades nos tornam humanos e quais precisamos desenvolver mais para aproveitar ao máximo essa nova tecnologia capaz de revolucionar as viagens. E as viagens ainda são, em essência, um setor muito humano porque ainda estamos em uma fase em que apenas humanos podem viajar. Os robôs ainda não viajam. Os avatares, de certo modo, viajam. Humanos ainda estão viajando. Comecei a pensar sobre essa hipótese e me perguntei: quais qualidades nos tornam humanos?
[00:19:40] Richard Kocher Eu gosto bastante da ideia de que a IA tem dois lados. No lado do setor, acho que a IA vai ajudar a tornar as empresas mais eficientes e permitir que ofereçam experiências mais relevantes a clientes. Sob a perspectiva de consumidores, a IA é um tipo de copiloto de viajantes.
[00:20:03] Siew Hoon Sim, acho que ela passou de assistente para acompanhante, não é? Tem a ver com intimidade, de construir intimidade. É a habilidade de construir intimidade se soubermos fazer isso de um jeito não invasivo, mas empático e intuitivo. Então, acho que é essa mudança que vamos ver. Mas é importante ressaltar que, como você disse, viajamos porque queremos conhecer outras pessoas. E queremos explorar diferentes culturas e tudo mais. É importante preservar tudo isso, sem que seja transformado em um produto. Isso não deveria se tornar robótico. É por isso que é importante que as pessoas que trabalham com viagens pensem no que nos torna humanos. Nossos sorrisos, abraços e tal são muito importantes. Sinceridade e hospitalidade são cada vez mais fundamentais. E a gente sabe disso porque as expectativas de consumidores ficaram muito altas porque estão pagando muito mais. Então, há muita exigência. E nós estamos prontos para isso? Estamos prontos para enfrentar o desafio? Porque há muitos problemas para resolver nas viagens. Estamos prontos para isso? Podemos usar a tecnologia para resolver os aspectos que podem tornar a experiência de viagem humana não tão agradáveis?
[00:21:31] Richard Kocher Quais partes das viagens e da hospitalidade continuam intocadas pela tecnologia e a IA? Quais as principais atividades que apenas humanos podem fazer nas viagens?
[00:21:39] Siew Hoon Sempre converso com os meus amigos especialistas em tecnologia e ouço dizerem que humanos não devem fazer trabalhos difíceis, sujos e perigosos.
[00:21:49] Richard Kocher Certo. Sim.
[00:21:51] Siew Hoon Então, aplicando essa lógica, vamos pensar nos elementos do setor de hospitalidade ou viagens que são difíceis, sujos e perigosos. Devemos colocar as máquinas para cuidarem deles e ficarmos com a parte divertida. Vale a pena pensar nisso. Acredito que devemos preservar a recepção, um sorriso caloroso, uma acolhida amigável. Mas agora os robôs já fazem isso, e uns robôs com cílios enormes que parecem humanos. Uma amiga de Dublin veio a Singapura no Natal. Ela comeu em restaurantes, passou um tempo no aeroporto. Ela tinha a impressão de que estava em um filme de ficção científica, pois se sentou ao lado de uma máquina que limpava pratos. No aeroporto, tem uma máquina para te acompanhar. É como se já estivéssemos vivendo no mundo da ficção científica.
[00:22:47] Richard Kocher E talvez apenas o próprio fato de viajar seja o que ainda vai ter o toque humano, porque a expectativa da viagem, a experiência de quando você está saindo do aeroporto, de chegar no destino e deixar a rotina para trás… Todas essas são experiências humanas muito únicas, e acredito que tornam as viagens uma atividade inegavelmente humana.
[00:23:13] Siew Hoon Sim. Acho que as emoções humanas não podem ser substituídas, certo? As emoções humanas como a expectativa, os sonhos, a frustração, a raiva, a emoção e a sensação de diferentes sabores na boca. Essas emoções não podem ser substituídas, sem dúvidas. É por isso que precisamos garantir que essas coisas sejam amplificadas e oferecidas às pessoas, em uma espécie de seleção hiperdirecionada. Recomendação hiperdirecionada, o que é ainda mais importante. Ontem, eu estava conversando com uma empresa de passeios em Singapura sobre o fato de que, hoje em dia, tudo é mais local. Agora temos a capacidade de planejar ainda menos. Por exemplo, se você está visitando a mesquita de Kampong Glam em Singapura e, de repente, fica com fome, pode procurar lugares para comer nas proximidades. Tudo ficou muito mais local. Isso incentiva viajantes a viverem uma experiência mais local e autêntica em um destino, sem precisar consultar uma lista com os 10 melhores restaurantes.
[00:24:44] Richard Kocher Sim. Sim, e a internet facilitou essa possibilidade e foi uma precursora da IA, que vai personalizar e simplificar as recomendações.
[00:24:53] Siew Hoon Sim, sim, mais intenso. Mais intenso e mais íntimo, eu diria.
[00:24:57] Richard Kocher Sim. Você falou sobre muitas empresas de viagem. Na sua opinião, qual empresa está prestes a virar a próxima potência em tecnologia de viagens, e quais são as startups ou pequenas e médias empresas que chamaram a sua atenção?
[00:25:09] Siew Hoon Há pouco tempo, escrevi um artigo sobre isso. Acredito que todos os gigantes, Expedia, Booking, Tripadvisor ou Airbnb, já abordaram o assunto. Na minha opinião, os próximos 2 anos serão emocionantes porque vamos testemunhar uma verdadeira corrida entre os gigantes do setor. Eu acho que todo mundo está fazendo esse tipo de coisa. Muitas pessoas passaram os últimos 3 anos se preparando e trabalhando nos bastidores porque não havia muita demanda de viagens. Então, aconteceu uma grande preparação nos bastidores e este ano vai ser o momento de colocar essa preparação em prática. Vamos assistir à introdução de grandes recursos por todas as grandes empresas. Elas já estão trabalhando nisso. Por isso, meu receio é que esse jogo favoreça os gigantes. Mas e as empresas menores que nos incentivam a viajar? Não tem só os grandes. Também é preciso beneficiar todas essas pequenas empresas que deixam as viagens tão interessantes. E como elas vão sobreviver neste mundo, que vai estar muito mais consolidado, muito mais comoditizado e dependente de tecnologia? Então, acho que vai haver uma imensa especialização, as empresas vão ter que garantir que tudo que fizerem será muito bem feito. É uma coisa em que a Web in Travel também precisa pensar. Vou ter que pensar em algo que faço muito melhor do que qualquer outra pessoa.
[00:27:10] Richard Kocher Você tem testemunhado muitas coisas acontecerem no setor nos últimos 20 anos. Fora a IA, quais previsões de novas inovações em tecnologia você faria para provedores de viagens no curto e longo prazos?
[00:27:23] Siew Hoon E existe algo fora a IA? Não sei. Como viajante, estou curiosa sobre a realidade aumentada. Digo, não tanto realidade virtual, mas realidade aumentada em termos de como ela se integra à experiência física. Refletir sobre como a tecnologia pode transformar a arte e aprimorar essa experiência, como ela pode nos fazer repensar espaços e o uso desses espaços.
[00:27:58] Richard Kocher Sim. Você quer dizer uma experiência aumentada que funcionaria como um guia? Ou seja, poder apontar o celular, por exemplo, para uma área em um destino para acessar informações sobre o está apontando e ter uma ideia do que você está vendo, além de algumas histórias e fatos.
[00:28:19] Siew Hoon Sim. Quero dizer, é algo bem básico. A gente não quer olhar para um edifício e saber a data da construção. Adoro ouvir histórias e o áudio está começando a ser usado com essa finalidade. Temos que esperar para ver. Talvez os tours com áudio se destaquem. Fala-se disso há anos, porque todo mundo tem os próprios fones de ouvido agora. Eu acho que o storytelling é interessante. Em Singapura, tem um tour chamado The New World Tour: é uma caminhada que conta uma história de amor. Uma história de amor ambientada na região. Ela fala de perda e de luto, e as pessoas sentem isso enquanto passeiam pelas ruas, elas se sentem como se estivessem em um set de filmagem. É muito íntimo e imersivo. E é muito pessoal. É graças ao storytelling. Precisamos de vozes do passado que nos contem histórias sobre os lugares, em vez de só saber que o edifício foi construído em 1880.
[00:29:19] Richard Kocher Sim. Acho que estamos voltando à natureza humana das viagens que já mencionamos. Vai haver algum desdobramento? Sim. Claro que vai. A gente quer entender a história, os fatos e as personalidades que se relacionam com tal lugar. Ouvir vozes humanas, testemunhar experiências humanas e entender como moldaram a história de um determinado local ou ambiente… Eu acho que isso tem um impacto no viajante. Adorei essa ideia. Tenho uma última pergunta para encerrarmos. Quais dicas você pode dar aos nossos ouvintes que desejam acompanhar as tendências nessa área de tecnologia de viagem?
[00:29:51] Siew Hoon Não se limitem a só procurar informações, coloquem a mão na massa. É o momento mais divertido para experimentar novas tecnologias. Divirtam-se e experimentem por conta própria. E quando estiverem viajando, procurem pessoas e lugares que usem essas tecnologias bacanas. Porque isso acaba gerando novas ideias.
[00:30:17] Richard Kocher E, é claro, acessem a Web in Travel para ficar por dentro de tudo.
[00:30:21] Siew Hoon Com certeza! E participem da nossa conferência, pois vamos para novos lugares este ano. Vamos para a África, Cidade do Cabo, em março. É uma nova fronteira. Eu adoro mercados emergentes, cheios de trânsito e caos. Então, estou adorando. Sim.
[00:30:39] Richard Kocher Excelente. Muito obrigado. E, é claro, ouvintes também podem continuar escutando o Powering Travel, o podcast do Expedia Group, para acompanhar as últimas tendências. Então, muito obrigado, Siew Hoon. A gente se fala em breve.
[00:30:49] Siew Hoon Obrigada, Richard. Foi um prazer.
[00:30:53] Brandon Ehrhardt Que visionária! Imagine ter essa visão para começar um empreendimento do zero, como a Web in Travel, e agora organizar uma das maiores conferências sobre viagens na Ásia, ser uma referência para tudo que envolve tecnologia de viagens, além de estar na linha de frente de todas essas mudanças. Fiquei feliz que você a trouxe para o programa e conduziu essa entrevista brilhante com ótimas análises.
[00:31:14] Richard Kocher Com certeza. Foi uma conversa renovadora, ainda mais quando começamos a falar sobre IA, quando ela compartilhou a opinião dela sobre os elementos humanos que a IA não consegue substituir nas viagens. Acho que estamos discutindo sobre IA generativa no universo da tecnologia há anos, e esse tema atingiu o pico de popularidade entre o público em geral. Há um certo cansaço, mas a perspectiva dela me trouxe otimismo com relação a esse tópico. Espero que você também tenha sentido isso.
[00:31:39] Brandon Ehrhardt Com certeza. Pude ouvir vocês 2 pensando no futuro em tempo real. Foi um exercício mental bem divertido e me incentivou a refletir melhor sobre o que vem pela frente, não só a curto prazo. Você sabe como é o nosso dia a dia: ficamos tão envolvidos no que precisamos entregar no próximo minuto, na próxima hora ou no próximo dia. É tão fácil perder o horizonte de vista. E acho que aprendemos muitas lições hoje. À medida que olhamos para o futuro, é interessante abrirmos os horizontes e nos perguntarmos para onde queremos ir. E, Richard, eu quero aproveitar esta oportunidade para fazer uma propagada rápida. Na última parte do ano passado, o podcast Powering Travel e o podcast WIT da Siew Hoon fizeram uma colaboração uma diversos episódios. Esses episódios receberam líderes como Greg Schulze e Hari Nair. Para quem tiver interesse em escutar, é só conferir o feed do Powering Travel e ouvir no seu tempo livre. São análises e episódios fáceis de entender. Foi uma grande parceria.
[00:32:34] Richard Kocher Adorei a sequência contínua de podcasts este ano, Brandon.
[00:32:37] Brandon Ehrhardt Foi ótimo. Você pode acessar o nosso feed e encontrar o assunto do seu interesse. Abordamos muitas coisas. Quero agradecer a você, Richard, por aceitar apresentar 3 episódios.
[00:32:49] Richard Kocher Obrigado. Disponha, Brandon. Eu adorei fazer parte disso e não vejo a hora de participar de novo no futuro.
[00:32:54] Brandon Ehrhardt Você é um especialista, sem sombra de dúvidas. Você é sempre bem-vindo. Como sempre, compartilhe conosco o que você acha do podcast enviando um e-mail para PoweringTravel@Expediagroup.com. PoweringTravel, tudo junto, @Expediagroup.com. Tem um novo formulário no site que é bem fácil de preencher. Você pode acessar em Partner.Expediagroup.com. Se tiver alguns segundos, classifique e avalie o nosso podcast na sua plataforma preferida. Isso ajuda as pessoas a encontrar o podcast. Muito obrigado por escutar. A gente se vê no próximo Powering Travel, o podcast da Expedia.
Conheça os especialistas
Siew Hoon Yeoh
Siew Hoon Yeoh é jornalista especializada em viagens na região Ásia-Pacífico há décadas. Ela começou como repórter e depois liderou e lançou algumas das maiores publicações da região sobre o setor. Em 2005, ela fundou a WiT (Web in Travel) para analisar como a tecnologia estava influenciando as viagens na Ásia-Pacífico e consolidou a sua presença nessa região de rápido crescimento com uma plataforma dedicada a mídia e eventos.
Richard Kocher
Richard lidera a equipe responsável por minerar dados próprios exclusivos sobre pesquisa e reserva do Expedia Group, assim como informações sobre o mercado, para fundamentar as estratégias de campanha publicitária de parceiros, a seleção de produtos e o targeting do público. Ele tem mestrados em Antropologia pela University of Sussex e Administração de Empresas pela Warwick Business School, e há pouco tempo, se mudou com a família para a região de Seattle.
Brandon Ehrhardt
Brandon lidera o marketing de acomodações B2B no Expedia Group e desempenhou um papel fundamental na expansão dos nossos programas para parceiros, conduziu iniciativas estratégicas e ampliou o uso de informações sobre receitas para impulsionar o sucesso dos parceiros. Brandon mora em Chicago, Illinois, com a sua esposa e o filho, que já vê as viagens com entusiasmo.
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