"O que caracteriza as pessoas que sobreviveram ou não a este período de mudanças no setor?"
Resumo
Este é o primeiro episódio do podcast Powering Travel do Expedia Group. Os apresentadores Brandon e Sally Smith conversam com Dennis Schaal, fundador e editor executivo da Skift, uma das principais fontes de notícias sobre o setor de viagens.
Dennis compartilha histórias dos seus mais de 20 anos de experiência no setor de viagens e aborda os desafios e as oportunidades do setor hoteleiro, incluindo o que viajantes atuais desejam, a escassez de mão de obra, a volta do QR Code e as perspectivas do novo capítulo do setor de viagens e turismo.
Transcrição
[00:02:35] Sally Vai passar, certo? Sim. Trabalhei no setor por um bom tempo. E eu acho que, mesmo olhando para trás, é incrível ver o quanto tudo mudou. Quando eu comecei, há muitos anos, uma das minhas tarefas era atualizar a disponibilidade e as tarifas de distribuição de terceiros de uma propriedade, uma propriedade grande com mais de 20 tipos de quarto. E não tinha conectividade naquela época. Então, sempre que eu precisava atualizar a estratégia de gestão de receitas, eu pegava uma caneca de café, sentava na frente do computador e atualizava durante 8, 10 horas as tarifas para cada dia do ano. Eu tinha que fazer de maneira manual e acho que errei uma vez ou outra. Na verdade, tenho certeza que errei. Acho que algumas pessoas conseguiram umas tarifas ótimas, talvez $ 29 em vez de $ 299. Nunca vamos saber. Mas hoje em dia, parando para pensar, a gente faz tudo muito mais rápido. A gente não precisa mais ficar atualizando tarifas de maneira manual. Tudo é rápido. A distribuição é mais rápida, as ferramentas e os softwares de gestão de receitas são mais rápidos, é inacreditável ver tudo isso. Por isso, acho que um dos motivos pelos quais fiquei no setor por tanto tempo é que ele está sempre mudando e evoluindo, e eu adoro essa característica dinâmica.
[00:03:42] Brandon Você mencionou erros em tarifas. Parece que a tecnologia veio para corrigir esse problema, e provavelmente está melhor assim. Mas, caramba, eu adorei encontrar um bilhete de $ 160 de Chicago a Estocolmo para ir no fim de semana junto com amigos. Foi o fim de semana mais curto e o mais longo que já vivemos. Estamos felizes de estar aqui para falar de um assunto que amamos, que é viajar, e vocês não vão ter que se basear em nosso conhecimento. Vamos receber convidados de renome no universo das viagens. E não vão ser poucos. Vamos começar com um dos melhores, um dos meus favoritos. Ele é repórter. O nome dele é Dennis Schaal. Sally, conta com quem a gente vai conversar primeiro.
[00:04:18] Sally Com certeza, Brad. Estou muito feliz em receber o Dennis no programa. O foco do Dennis são as viagens on-line e os aluguéis de curta duração. Em 2016, ele publicou o The Definitive Oral History of Online Travel e está há mais de 20 anos cobrindo o setor e entrevistando líderes. Antes, ele escrevia uma coluna no USA Today sobre sites e aplicativos de viagem. Tem três filhos e mora em Rincón, Porto Rico. Vocês vão se surpreender com a variedade de tópicos que vamos abordar com o Dennis, que abrangem todo o setor, em todas as áreas, com perspectivas exclusivas sobre o que ele acha que o futuro nos reserva.
[00:04:56] Brandon Minha nossa! Se você acha que viajar com 2 celulares é uma grande coisa, espere até ouvir o que o Dennis faz. É uma entrevista excelente. Então, vamos escutar. Dennis, eu optei por receber notificações do Twitter de 4 pessoas, e você é uma delas. Mas, mesmo se eu não tivesse ativado, continuaria recebendo as mensagens da minha mãe. Ela adora me mandar as suas histórias por e-mail. Na verdade, todos os artigos da Skift. Ela é uma leitora assídua. Estamos muito felizes por receber você aqui hoje no podcast Powering Travel. Obrigado por aceitar o nosso convite.
[00:05:22] Dennis Oi, Brandon, eu não acredito nessa história da sua mãe.
[00:05:26] Brandon Eu vou provar. Eu juro que vou provar. Pode acreditar. Ela me manda as coisas boas e ruins.
[00:05:32] Dennis Ela manda tudo, então.
[00:05:33] Brandon Isso mesmo. Vamos começar por outra coisa. Um assunto um pouco mais leve, né? Fale para nós sobre a Skift, você é o número 2 de lá. É evidentemente uma das fontes de informação mais influentes no setor de viagens. Você viu as coisas evoluírem, viu tendências começarem e acabarem. Como o setor evoluiu e qual é o seu objetivo fundamental nesse meio de comunicação?
[00:05:51] Dennis Bom, skift significa mudança ou transformação em norueguês e dinamarquês. Entramos no setor de mídia de viagens com a vontade de mudar tudo. Nós achávamos que as profissões relacionadas a viagens eram entediantes e cheias de jargão. Não precisava ser assim. Então, tentamos ser mais informais na escrita, sem usar muito jargão. Tentamos escrever para o setor, mas de uma forma que viajantes empolgados pudessem entender. Quando começamos, lembro que usávamos um espaço de coworking e talvez uns 5 CEOs falavam com a gente durante o ano. A nossa meta era nos tornar um site de referência do setor de viagens. De alguma forma, conquistamos isso. A Skift é um tipo de leitura obrigatória para o setor de viagens; pelo menos, é importante dar uma olhada nas manchetes da newsletter todos os dias. Então, temos muito orgulho do que estamos fazendo. Nossa equipe conta com umas 62 pessoas no mundo todo: Índia, Europa, Londres, Estados Unidos, Havaí, Porto Rico e República Dominicana.
[00:06:53] Sally Dennis, o setor de viagens está em constante mudança. Como você faz para ficar a par de tudo? Onde você pesquisa notícias sobre viagens? Porque eu sei que você está por dentro de tudo.
[00:07:03] Dennis Acho que a melhor coisa, o jeito de conseguir mais histórias... Antes de mais nada, eu sei tudo sobre formulários da SEC. Então, quando a Expedia envia um 10-K ou 10-Q, eu leio no sábado à noite e encontro todos os tipos de informações valiosas que eu não encontraria de outra forma. Mas, para recolher informações, a melhor maneira é ir a uma conferência e conversar com as pessoas, porque é lá onde elas se sentem à vontade para falar e fazer revelações. A mesma coisa vale para as entrevistas. Muitas vezes, as empresas vão querer fazer uma entrevista por e-mail, mas não há nada como uma conversa presencial. Você descobre muito mais coisas. E se as pessoas disserem que uma tendência está tomando um rumo ou outro, analise os seus próprios dados.
[00:07:55] Brandon Dennis, por experiência própria, eu percebi essa sua característica, relacionada aos formulários. A primeira pergunta que eu me fiz é: como ele consegue ler tão rápido? Você dá um ctrl + F para procurar termos? Como você faz?
[00:08:07] Dennis Bom, todos eles têm um índice. Então, eu consulto os elementos que eu sei que são mais importantes, como fusões e aquisições, discussões e análises corporativas da gerência e assuntos jurídicos. Você sabe, é tanto conteúdo que não dá para ler tudo. E, sinceramente, tem muita coisa que eu não entendo, sabe? Então, sim, eu dou um ctrl + F para ir direto a algumas seções, como fatores de risco que sempre é importante, seções que sei que vão conter alguma coisa relevante.
Brandon [00:08:38] Também é interessante. Você mencionou sobre o jargão. Acho que uma coisa que a Skift costuma fazer é criar palavras que o setor usa. Sei que a Skift cunhou o termo overtourism. Lemos em um artigo recente da Skift, que não foi você que escreveu, que as pessoas podem ir em atrações de diferentes qualidades e ter férias com a mesma qualidade. Como a Skift adotou o pensamento de que a gente precisa garantir que as viagens sejam sustentáveis?
[00:09:02] Dennis Sim, nós constatamos, após realizar as pesquisas, que viajantes estão mais conscientes. Alguns viajantes estão mais conscientes. As pessoas querem ter a possibilidade de escolher opções sustentáveis. A questão é saber quantas respondem isso nas pesquisas e quantas realmente colocam isso em prática. Acredito que uma das coisas a fazer seja implementar medidas de incentivo. É interessante. Na França, a Air France agora oferece pacotes com trem e avião para as pessoas não precisarem pegar voos curtos e poluir o meio ambiente. As pessoas podem combinar uma viagem de trem com um voo, e essa é uma tendência. Por que os hotéis não dão pontos de fidelidade para quem abrir mão do serviço de arrumação diário? Isso incentivaria viajantes. Essa vai ser uma questão cada vez mais importante.
[00:09:54] Sally Sim, com certeza. Eu acho que também é muito útil, ao ficar em uma propriedade ou voar com uma companhia aérea, entender o impacto das nossas escolhas. Converso bastante com viajantes frequentes que querem fazer mais coisas desse tipo e entender que impacto causam. A sustentabilidade é uma prioridade e virou tendência. É uma escolha. Mas eu estou curiosa para saber a sua opinião, porque você falou bastante sobre a COVID-19 e o que aconteceu no setor de viagens nos últimos anos. Se você pensar nesse período ou até mesmo nos últimos meses, muitas vezes você teve viu alguma coisa em primeira mão ou deu informações que estavam saindo do forno. Teve algum momento em que você percebeu que não estava esperando alguma coisa ou que foi pego de surpresa por alguma novidade do setor nos últimos tempos?
[00:10:43] Dennis Você vai rir. É meio básico. Bom, não é tanto também. São os QR Codes. Nós achávamos que eles tinham desaparecido há um bom tempo. Um dos meus colegas disse que os QR Codes eram a coisa mais inútil que já tinha sido inventada. Agora, não tem como ir a um restaurante e ver o cardápio sem um QR Code. Eles viraram parte integrante da experiência de viagem. Esse é o primeiro ponto. As redes hoteleiras estão se lançando na área de aluguéis de curta duração, com as casas e vilas da Marriott e a Accor comprando a onefinestay. Na verdade, estamos organizando uma conferência algumas semanas após a sua, onde, pela primeira vez, vamos reunir hotéis e empresas de aluguel de curta duração no mesmo evento, porque tudo está se misturando. Acho que esses são alguns exemplos.
[00:11:35] Brandon Dennis, uma pergunta rápida sobre aluguéis por temporada que você acabou de mencionar. Você acha que as empresas estão investindo em aluguéis por temporada, empresas que costumavam investir em acomodação convencional, porque acreditam que os clientes querem ter poder de escolha? É uma decisão motivada pela lucratividade ou elas querem apenas expandir o que oferecem para atrair mais viajantes e promover os próprios programas de fidelidade entre essas pessoas?
[00:11:57] Dennis Acho que se trata principalmente de oferecer poder de escolha porque, em alguns aspectos, em comparação com os hotéis, os aluguéis por temporada podem ser menos lucrativos. Os aluguéis por temporada precisam de maior estrutura para atendimento ao cliente. Por exemplo, o viajante chega e o cofre com as chaves não funciona ou os aluguéis por temporada são bem diferentes uns dos outros. Tipo, não é o que aparecia nas fotos. Então, eu acho que isso se deve sobretudo a oferecer poder de escolha a viajantes.
[00:12:30] Brandon Estamos prevendo que a temporada de viagens de verão vai ser bastante movimentada. Acho que um dos maiores desafios vai ser a disponibilidade da equipe de funcionários, não só nos hotéis e nos aluguéis por temporada, mas também em voos e cruzeiros. Como você vê o impacto da possível escassez de mão de obra em algumas dessas áreas nesse verão movimentado para as viagens?
[00:12:53] Dennis As companhias aéreas dos EUA já estão anunciando uma redução da capacidade. Não tenho certeza se vão reduzir a capacidade, mas vão operar, por exemplo, com uns 80% da capacidade de 2019 porque não têm funcionários, pilotos nem comissários de bordo. Eu moro em Porto Rico. Na noite do sábado passado, eu fui em um bar-restaurante movimentado. A cozinha do restaurante fechou às 18h porque não tinha funcionários suficientes. Muitas empresas estão apenas tentando sobreviver. Muitas redes hoteleiras precisaram reduzir os seus quadros. Os restaurantes estão fechados, o serviço de arrumação é mínimo. Acho que, neste momento, estão mais focados em sobreviver do que fazer investimentos. Mas, vamos esperar que, com a retomada do setor de viagens, eles consigam alocar mais recursos para essas atividades.
[00:13:53] Sally Acho interessante o Dennis ter mencionado os QR Codes e não acho que seja algo bobo. É verdade porque é o que vivemos nos últimos anos. Cardápios, durante viagens... Na semana passada, em uma viagem para Las Vegas, eu estava no aeroporto e eu não só escaneei o QR Code para ver o cardápio como fiz o pedido e o pagamento pelo QR Code. Foi muito fácil e rápido, principalmente no aeroporto, um lugar onde a gente não tem muito tempo para comer porque sempre está em trânsito. E estou vendo que eles dominaram os hotéis, restaurantes, transportes e marketing. Foi uma adoção bem rápida, e é engraçado porque eles existem há um bom tempo, mas nunca foram tão usados quanto nos últimos anos.
[00:14:31] Brandon O QR Code. Um retorno triunfal. Sério, eu penso nos Patriots perdendo por 28 a 3 para os Falcons durante o Super Bowl da mesma forma que penso no QR Code. São os 2 grandes retornos triunfais da nossa geração. Eu não torço para o Patriots, que fique claro, mas, sim, eu concordo. E eu acredito que os QR Codes agregam muito valor no setor de viagens quando o assunto é a escassez de mão de obra, porque é possível fazer pedidos e pagamentos usando um QR Code. Isso significa uma pessoa a menos na equipe. Não estou dizendo que não devemos contratar funcionários para todo o setor. O que estou dizendo é que a gente está tornando o processo mais eficiente para atribuir a essa pessoa tarefas que talvez sejam um pouco mais estratégicas. E eu acho que, para encerrar essa questão que causou muito debate durante a pandemia da COVID-19, a experiência criada pelos QR Codes é muito fluida. Eu acredito que é assim que queremos viajar, de maneira fluida. Então, temos muito a aprender com esse velho dinossauro, o QR Code, que quase caiu no esquecimento. Talvez a gente até deva ficar feliz com esse retorno, porque aprendemos coisas sobre eficiência e comércio on-line. Eu mesmo tive uma experiência semelhante. Não foi por QR Code, mas eu não conseguia fazer um pedido on-line em um restaurante. Quando usei meu celular, em vez do computador, deu certo na hora. Por isso, acredito que temos que avaliar as eficiências e a interação com a equipe. Mas, nossa, o Dennis fez ótimas observações.
[00:15:59] Sally Quando a gente fala de viagens de verão e demanda... e, com certeza, uma das coisas que mais me causaram surpresa, de maneira positiva, nos últimos 2 anos foi a resiliência das viagens. É claro que tem havido altos e baixos, mas, em geral, foi ótimo ver que ainda tem muita gente investindo e viajando. Falamos do aumento dos custos do combustível e você mencionou o corte das companhias aéreas de várias formas, mas ainda há demanda, o que muitas vezes produz um aumento dos preços em geral. Portanto, o preço das viagens está subindo. Como você vê o impacto no comportamento dos viajantes? Vai ou não ter um impacto? Qual é a sua opinião?
[00:16:34] Dennis Sim, eu acho que há muita demanda reprimida. Acho que as pessoas vão viajar. Mas estamos vendo hoje, acho que em março, a taxa de inflação nos EUA e, basicamente, na Europa estava em torno de 8%. Uma coisa que nós notamos durante a pandemia é que não teve o tanto de desconto que estávamos imaginando. Isso vai influenciar as escolhas das pessoas. Hoje, eu consultei os dados do SimilarWeb e parece que, apesar da guerra na Ucrânia e da tragédia que isso representa, a demanda de viagens no Reino Unido e na União Europeia está aumentando, assim como o tráfego nos principais sites de viagens na Europa, de cerca de 15% em março. O que está acontecendo na Ucrânia é horrível, mas não está desencorajando as pessoas de pegar um avião e planejar viagens.
[00:17:26] Brandon Há pouco tempo, você escreveu bastante sobre os novos concorrentes no setor de viagens. O que você acha que vai definir aqueles que vão sobreviver a esse período e aqueles que não vão sobreviver a esse período?
[00:17:37] Dennis Atender às necessidades dos viajantes e acompanhar as últimas tendências. Por exemplo, uma empresa em que você deve prestar atenção é a Sonder. Para quem não sabe o que é a Sonder, a empresa começou oferecendo aluguéis de curta duração e agora está tentando criar uma marca de hotelaria. Eles afirmam que estão revolucionando o setor da hospitalidade ao automatizar grande parte das operações. Por exemplo, ao fazer check-in em uma acomodação da Sonder, você não encontra ninguém da equipe deles. Você pode falar com alguém da equipe por SMS para questões relacionadas a atendimento ao cliente. Eles afirmam que estão reduzindo muito os custos, mas, na verdade, estão tentando atrair viajantes mais jovens. Por outro lado, se você consultar grandes marcas, como Marriott ou Accor, elas acreditam que a hospitalidade tradicional, a verdadeira hospitalidade, é o que importa. Vai ser interessante ver o desenrolar disso. É claro que a Sonder tem uma grande quantia de dinheiro à sua disposição. Há um bom financiamento. Eles acabaram de ter um lucro líquido enorme e abriram a IPO ou SPAC, seja lá como entraram no mercado de ações. Então, é preciso ter recursos suficientes, um bom plano, escutar o cliente e acompanhar a resposta do mercado.
[00:18:59] Brandon Ampliando um pouco o escopo para empresas que historicamente não estavam no setor de viagens... temos a Uber. Os rumores sugerem que a Amazon está interessada no setor de viagens. Imagine um superaplicativo onde dá para reservar, comprar rolos de papel-toalha e planejar uma viagem. Na sua opinião, quais as razões pelas quais eles não tiveram o mesmo sucesso há pouco tempo ou não conseguiram se consolidar no setor de viagens?
[00:19:25] Dennis Eles têm um pouco de sucesso na China e no Sudeste Asiático. Há pouco tempo, eu escrevi um artigo sobre a Uber. Ela ainda não lançou hotéis e voos, mas vai fazer isso em alguns meses Na hora de planejar uma viagem, você começa escolhendo o traslado que vai pegar do aeroporto? Bom, primeiro você tem que descobrir em qual aeroporto vai chegar. As pessoas costumam começar com os voos. Então eu duvido muito. Conheço muita gente que diz: "Minha nossa! A Uber está se lançando no setor de viagens". Ao mesmo tempo, acho que vai ser muito difícil que as pessoas reservem férias e viagens de negócios complexas pela Uber.
[00:20:09] Sally Acho que muitas empresas chegaram e acredito que isso só mostra o tamanho do ecossistema de viagens e o dinheiro que dá para ganhar nisso. É fascinante ver que, mesmo saindo de uma pandemia, as pessoas estão topando entrar no jogo. Estou muito curiosa para ver como nós podemos ajudar. É uma boa deixa porque estamos falando sobre futuro. Na sua cabeça, quando você olha para o futuro, qual o próximo grande passo? Que assunto anima você e sobre o qual você ainda não escreveu? Na sua opinião, qual vai ser o fenômeno mais emocionante no setor de viagens daqui a 5 anos?
[00:20:41] Dennis Eu acho que não vai ser necessariamente o metaverso, mas pode ser algo que a gente nem imagina hoje. Eu fui para Londres há algumas semanas para uma conferência, uma conferência da nossa empresa, e 2 primos meus estavam dirigindo veículos elétricos. Eles disseram que cerca de 30% das vendas de carros novos, ou algo assim no Reino Unido, são de veículos elétricos. Estou ansioso para isso. Estou ansioso para ver estações de carregamento de veículos elétricos nos hotéis e que isso seja um acontecimento relevante. Não é o próximo grande acontecimento. Mas o próximo assunto controverso sobre o qual eu poderia escrever e ainda não abordei são as taxas de limpeza e os aluguéis de curta duração. Estão prestes a explodir. Eles têm crescido demais. E eu sei que muitos anfitriões estão debatendo uma questão: se devem incluir as taxas de limpeza na tarifa ou se elas devem ser separadas. Porque é como se fosse um momento revelador, quando você chega ao final do processo de reserva de um aluguel por temporada e aparece uma taxa de limpeza, que é, tipo, metade do valor da diária. Com certeza, não é algo insignificante.
[00:21:52] Brandon É quase como se as taxas de limpeza tivessem virado a nova taxa de resort. Mas só para aluguéis por temporada. Eu acho que você tocou em um ótimo ponto. Na página de pagamento da reserva de um aluguel por temporada, você descobre que a taxa de limpeza equivale a 30% do valor. Você acha que, se essas políticas continuarem se disseminando, os aluguéis por temporada vão ser menos procurados? Porque, você sabe, para mim, é óbvio que o preço que você vê na hora de reservar o quarto ou a casa não é o mesmo preço que aparece na hora de pagar. Você acha que isso vai afetar a demanda dos aluguéis por temporada?
[00:22:25] Dennis Acho que as pessoas vão ser mais seletivas na hora de reservar um aluguel por temporada, porque um pequeno número dos aluguéis por temporada não tem taxas de limpeza separadas. Elas estão incluídas na tarifa. Outro dia, eu estava lendo uma sequência de publicações em que uma anfitriã dizia que ela nunca reservaria um aluguel por temporada com taxa de limpeza separada. Então, eu acho que as pessoas vão ficar mais seletivas. Também tem a questão de que, se você precisar cancelar a reserva do aluguel por temporada, com a taxa de limpeza incluída na diária, você pode não receber o reembolso total que receberia se ela estivesse separada. Falamos sobre taxas de resort e sobre os tipos de empresas que tiveram bons resultados e as que tiveram um desempenho ruim durante a pandemia. Com relação aos hotéis, e eu sei que você tem um grande público que reserva hotéis, mas acredito que aqueles que continuam cobrando taxas de resort durante a pandemia, enquanto os serviços hoteleiros estão diminuindo, estão cometendo um erro. Com relação a questões que vão se tornar importantes ou que podem se tornar importantes, o próximo grande fenômeno, na minha opinião, vai ser a entrada de cada vez mais empresas do setor de viagens no campo das fintechs. Essa palavra está na moda. Ela significa muitas coisas para diferentes pessoas, como, por exemplo, comprar agora e pagar depois. Isso já existe há muito tempo, mas está ficando cada vez mais popular, assim como outros serviços de fintechs que parecem mais um seguro de viagem por congelarem o preço de um bilhete aéreo ou outras tarifas. Você paga 25 dólares e eles congelam a tarifa do hotel por uma semana, mais ou menos. Eu acho que esse movimento vai ganhar importância.
[00:24:08] Brandon Obrigado, Dennis. Ótimos insights que trocamos hoje. Gostamos bastante da sua perspectiva sobre o setor. Para concluir com mais leveza, vamos fazer uma brincadeira. Vamos trocar você de lado, porque, embora a gente trabalhe no setor de viagens, todos nós somos viajantes. Eu quero fazer algumas perguntas para conhecer que tipo de viajante você é. Primeira pergunta. Qual o item sem o qual você não consegue viajar?
[00:24:31] Dennis Claro, essa é difícil. Meu celular. É claro. 2 notebooks. Eu costumo viajar com 2 notebooks porque, muitas vezes, eu trabalho durante as viagens. Um dos desafios que a gente enfrenta hoje no trabalho é acompanhar o sistema de mensagens da empresa. Na Skift, a gente usa o Basecamp. Outras pessoas usam Slack. Eu sou aquela pessoa que não vê as mensagens de Slack e acaba sendo a última a saber o que está acontecendo na empresa. Por isso, eu levo 2 notebooks, assim ninguém fica bravo comigo por eu não responder as mensagens.
[00:25:05] Brandon Você faz as pessoas que têm 2 celulares parecerem novatas. Impressionante.
[00:25:10] Sally Isso reflete a tendência de bleisure. Adorei.
[00:25:13] Brandon Sim, eu acho que bleisure é o seu nome do meio, Dennis. Essa aqui é engraçada e está relacionada com os programas de fidelidade. Qual foi a coisa mais louca ou ilógica que você fez para ganhar um benefício do programa de fidelidade, seja para subir de status ou juntar pontos extras? Qual a coisa mais louca que você já fez?
[00:25:29] Dennis Eu não sou um grande adepto dos programas de fidelidade. Eu não pego um voo só para juntar pontos. A coisa mais louca que já fiz, e vocês não vão achar nada louco, foi não reservar direto com um site de recompensas de fidelidade.
[00:25:48] Brandon Muito interessante. A última pergunta que a gente quer fazer agora é: qual a viagem mais inesquecível que você fez quando pensa na sua paixão por viajar? Qual a viagem em que você pensa com mais frequência e que despertou essa paixão em você?
[00:26:00] Dennis As Ilhas Galápagos, sem dúvida. Foi incrível ver todas aquelas criaturas. Vocês têm que visitar as ilhas. Em algumas delas, não dá para aterrissar em uma superfície seca. É preciso aterrissar na água e ir para a terra firme. Muitos animais não têm medo dos humanos por causa do isolamento total das Ilhas Galápagos. Foi incrível ver tudo isso de perto. Sem falar que dá para ver a dança de acasalamento do patola-de-pés-azuis, que é um acontecimento imperdível. Incrível demais.
[00:26:31] Sally Adorei esse novo item da minha lista de coisas para fazer antes de morrer.
[00:26:34] Brandon É como se eu estivesse dançando em um casamento. Não sei se alguém iria ficar me vendo dançar em um casamento. Mas ir para as Ilhas Galápagos parece ser bem divertido e, com certeza, entrou na minha lista de coisas para fazer antes de morrer também.
[00:26:44] Dennis Sim, foi bem legal.
[00:26:46] Sally Ótimo. Muito obrigada por responder as perguntas. Ficamos felizes com as respostas.
[00:26:50] Dennis Obrigado. Obrigado por me receberem.
[00:26:54] Brandon Não desapontou. Eu sabia que o Dennis seria um grande convidado e traria ótimos insights. Aprendi muita coisa. E espero que você também. Sally, como você está assentindo com a cabeça, parece que sim. E esperamos que o nosso público também tenha gostado. Mas, acima de tudo, eu acho que é encorajador ver que as observações dele confirmam não só que ele acompanha o setor de perto, como também o que ele observa desse segmento como um todo. Achei muito interessante falar sobre esse assunto, com a questão da Uber, porque vai ser uma questão de saber quem vai se adaptar ao viajante. Acho que isso é muito importante em nosso setor, né? Se você acha que viajantes estão ganhando, então o setor de viagens está ganhando, porque mais pessoas estão tendo mais experiências. Isso é ótimo para os negócios.
[00:27:33] Sally Eu concordo. Bom, a questão não é viajantes se adaptarem ao setor, mas o setor se adaptar aos viajantes, isso que é importante. O Dennis também mencionou alguns outros pontos que eu achei muito interessantes, principalmente com relação à sustentabilidade, um assunto relevante e cada vez mais importante que continua em voga. E eu gostei como ele falou sobre os incentivos. A ideia de ajudar viajantes a fazerem escolhas sustentáveis e recompensar essas pessoas por isso. Acho que é algo que vamos ver ainda mais em nosso setor, eu espero. Outra coisa que também chamou a minha atenção foi sobre as fintechs e o investimento contínuo em fintechs, e como essa tecnologia vai ajudar a atender viajantes, oferecer benefícios e agregar valor para essas pessoas. Foi uma excelente entrevista, uma conversa muito agradável.
[00:28:17] Brandon Sim. Acredito que o legal sobre as fintechs é que elas vão possibilitar mais viagens, principalmente se a gente pensar na tendência do tipo comprar agora e pagar depois, que está ganhando cada vez mais destaque no setor. Viajar faz bem para as pessoas, e eu sei que parece clichê, mas é verdade. Na minha opinião, quanto mais carimbos a gente tem no passaporte e mais viagens em família a gente faz, maior é a nossa diversificação e mais experiências maravilhosas a gente tem. Para mim, isso é fundamental, principalmente depois desses 2 anos em que ficamos confinados em nossas casas, talvez só com uma entrega ou outra nos entretendo. Acredito que é essencial que as pessoas possam viajar novamente com segurança, e as fintechs certamente vão tornar isso possível.
[00:29:00] Sally Concordo plenamente. Se você deseja continuar acompanhando o Dennis, visite o site da Skift em Skift.com ou siga a conta dele no Twitter, @denschaal. D-e-n-s-c-h-a-a-l. E não se esqueça de configurar as notificações, como o Brandon fez, para receber as últimas informações.
[00:29:19] Brandon Você pode assinar a lista de e-mails da minha mãe, mas recomendamos que você assine a da Skift. O investimento vale a pena. Muito obrigado, Dennis, pela participação e, Sally, que episódio! Não vejo a hora de fazermos o segundo.
[00:29:29] Sally Esperamos que você tenha gostado desse episódio do Powering Travel. Sua opinião é importante. Para se conectar com o Powering Travel, acesse expediagroup.com Inscreva-se para receber notificações sobre o lançamento de novos episódios e não se esqueça de dar a sua nota e avaliar o programa. Muito obrigada a todo mundo que impulsiona o setor de viagens. Obrigada por nos ouvir.
Conheça os nossos apresentadores
Sally e Brandon adoram ficar a par de tudo o que acontece no setor de viagens. Agora eles têm a missão de entrevistar especialistas do setor para conhecer as novas tendências, e mal podem esperar para compartilhar tudo o que aprenderam com você.
Sally Smith
Em 2005, Sally iniciou a sua carreira na Starwood Hotels & Resorts e, em 2012, veio para a Expedia, onde acumulou uma década de experiência na gestão de receitas de hotéis e estratégia de vendas. Sally é apaixonada por viagens e pelo potencial da tecnologia para impulsionar o setor. Ela mora em Lake Tahoe, na Califórnia, com o marido e duas crianças.
Brandon Ehrhardt
Brandon começou a sua carreira desenvolvendo estratégias de gestão de receitas para a United Airlines. Hoje, ele dirige o programa de fidelidade da nossa plataforma. Dentro do Expedia Group, ele teve um papel fundamental no desenvolvimento do nosso programa de fidelidade, conduzindo projetos de pesquisa e liderando iniciativas estratégicas. Hoje, Brandon mora em Chicago, no estado de Illinois, com a sua esposa e o seu bebê.
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