PODCAST | TEMPORADA 2 | EPISÓDIO 2

Luz, câmera, férias: onde o turismo encontra as mídias

"Turismo é uma narrativa, como contar uma história. Houve uma mudança [...] na maneira como as pessoas fazem turismo. […] Não é só fazer passeios rápidos, tirar selfies e seguir adiante. É preciso promover a interação."

Dr. Stephen Pratt

Professor e Department Chair of Tourism, Events, and Attractions, University of Central Florida 


Resumo


Ouça o segundo episódio do Powering Travel com o convidado Dr. Stephen Pratt, o apresentador Brandon Ehrhardt e a apresentadora convidada Angelique Miller.

 

Venha descobrir a popularidade cada vez maior do turismo cinematográfico e o seu impacto em comunidades, economias e viajantes do mundo inteiro. Você também vai conferir informações sobre o que significa o turismo de entretenimento para o futuro das viagens e do turismo sustentável.

 

Bônus: fique por dentro da nova plataforma de compras do Expedia Group para saber como fazer reservas direto em conteúdo de viagem.


Transcrição

[00:00:04] Brandon Os provedores de viagens são a espinha dorsal da experiência de viagem. Nesta nova temporada do Powering Travel, vamos conhecer as tendências do setor, falar sobre temas relevantes e dar dicas práticas para ajudar líderes empresariais a continuarem evoluindo e melhorando a experiência de viagem de modo gradual. Olá! Este é mais um episódio do Powering Travel. Antes de apresentar os convidados de hoje e da entrevista, quero que você embarque comigo em uma jornada. Então, reserve um segundo, pense em um programa de televisão ou talvez até um filme que você assistiu e pensou: "como posso ir para esse lugar?". O tema de hoje é o set-jetting ou, como os estudiosos definem, o turismo impulsionado por filmes. No relatório mais recente sobre as tendências de viagem do Expedia Group, descobrimos que dois terços dos viajantes globais consideraram ir a um destino após vê-lo em programas de TV ou filmes. E 39% seguiram em frente e reservaram essas viagens. A convidada que recebemos hoje é a própria vice-presidente do Media Studio do Expedia Group, Angelique Miller. Bem-vinda, Angelique.

 

[00:01:15] Angelique Oi, Brandon. Obrigada pelo convite. Eu adoro esse assunto. E, por sorte, trabalho nessa área. Vai ser um prazer participar.

 

[00:01:30] Brandon Que bom. Vou ser direto e honesto com você. Você tem um dos 3 melhores empregos no Expedia Group, então vou deixar minha inveja de lado. Adoraria saber mais sobre você. Conte um pouco sobre você e o que faz no Expedia Group?

 

[00:01:45] Angelique Parece ótimo. Você faz um podcast no tempo livre, isso é muito bacana.

 

[00:01:49] Brandon Verdade.

 

[00:01:49] Angelique Como o Brandon mencionou, sou Angelique Miller. Cresci nos Estados Unidos, mas agora moro em Londres. Lidero a equipe do Media Studio aqui no Expedia Group. Somos a agência interna de criativos do Expedia Group. O que isso significa? Significa que ajudamos marcas e parceiros, como órgãos de turismo ou hotéis, a se conectarem com o público com conteúdo impactante e campanhas de marketing memoráveis. Hoje, estou muito empolgada para mergulhar nesta conversa. Estamos vendo o impacto do set-jetting no turismo por meio do nosso trabalho direto com parceiros ao longo dos anos, o que torna a conversa de hoje com o nosso convidado muito interessante para mim. Mal posso esperar para ouvir o que ele tem a dizer.

 

[00:02:44] Brandon Você disse tudo. Quem não gosta de falar sobre TV? Quem não gosta de falar sobre viagens? Hoje, vamos conversar com uma pessoa que tem anos de experiência de pesquisa sobre o turismo impulsionado por filmes ao redor do mundo. O Dr. Stephen Pratt tem uma extensa experiência como professor em cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de turismo, sustentabilidade e métodos de pesquisa. No momento, ele é Department Chair of Tourism, Events, and Attractions no Rosen College of Hospitality Management. Ele pesquisa turismo sustentável, desenvolvimento, turismo em pequenos estados insulares e turismo cinematográfico. Steve é o cocriador de um popular canal do YouTube, The Travel Professors. Preparada, Angelique?

 

[00:03:24] Angelique Vamos lá.

[00:03:29] Brandon Você já escreveu vários artigos sobre o turismo impulsionado por filmes e a forma como as pessoas viajam. Conte um pouco sobre o seu trabalho e por que é importante que provedores de viagens entendam os insights do seu trabalho?

 

[00:03:43] Dr. Pratt Sim, obrigado. O meu interesse surgiu porque amo viajar, amo turismo e amo assistir filmes. A minha própria experiência como turista cinematográfico despertou a vontade de combinar essas duas paixões. Além disso, temos liberdade acadêmica para estudar tópicos do nosso interesse e contribuir tanto para fins de ensino quanto para o setor. Então, foi aí que tudo começou, de certa forma. Existem muitos aspectos diferentes e interessantes sobre o cinema e o turismo cinematográfico. Claro, a motivação é importante, mas envolve muito mais do que apenas visitar locais onde os filmes foram gravados. Vai mais além, como estreias de filmes e cerimônias de premiação, que atraem turistas curiosos para ver as pessoas no tapete vermelho. Então, são várias possibilidades.

 

[00:04:42] Brandon O que você observou sobre os motivos que levam as pessoas a procurar os destinos que veem na mídia?

 

[00:04:49] Dr. Pratt É interessante analisar a popularidade de um set de filmagem como destino, pois isso depende de algumas coisas diferentes. Não há uma regra definida, mas se houver algum livro relacionado, se o filme for baseado em um livro e as pessoas tiverem lido o livro, além do turismo cinematográfico, você gera o turismo literário. E isso aumenta a fama. A Nova Zelândia fez um ótimo trabalho com O Senhor dos Anéis, usando Hobbiton para atrair turistas. Se o filme ou a série for uma obra icônica, tudo ganha uma dimensão ainda maior, tanto os personagens quanto o local. Sim, séries com temporadas diferentes, como White Lotus (primeira no Havaí e depois na Itália), ou Game of Thrones e depois A Casa do Dragão, que têm sido enormes para lugares como a Irlanda e a Croácia e, é claro, a Islândia, acho que houve gravações lá. Essas são algumas das motivações. De maneira mais ampla, também é sobre apego emocional. Alguns lugares não importam tanto na história. Talvez seja mais impulsionado pelos personagens do que pelo destino. No caso de Game of Thrones, há um mapa na abertura, e você quase consegue se imaginar lá. Pense. Você está viajando para Casa dos Imortais, por exemplo, em Qarth. Você passa pela Estrada Real, pelo Mar Dothraki. Esses tipos de lugares, certo? Você se imagina de algum modo nesses locais. Então, a geografia é bastante importante. Em outros filmes, a paisagem não é tão importante e o foco maior está nos personagens. 

 

[00:06:33] Angelique É evidente que há um aumento significativo no benefício desses locais devido ao turismo de entretenimento. Mas eu gostaria de perguntar, você mencionou uma grande quantidade de filmes feitos nos últimos 20 anos. Parece que atingimos um ponto de virada, onde há muito burburinho em torno dessa ideia de set-jetting, mas isso não é algo novo. Por que séries recentes, como White Lotus, renovaram o interesse nesse tipo de turismo? Ou você acha que essa tendência já existe há muito tempo?

 

[00:07:10] Dr. Pratt Acho que estamos seguindo essa tendência há bastante tempo, e penso que a variedade de destinos aumentou muito nos últimos, digamos, 10 anos. Talvez até 20 anos atrás, essa prática acontecia mais nos EUA e sobretudo no Reino Unido. Muitos dos filmes de época, como Orgulho e Preconceito, filmado em Chelsea, por exemplo, e várias das mansões históricas, como as de Downton Abbey, sobre a qual escrevi um artigo. Razão e Sensibilidade também. Todos esses filmes no estilo de Jane Austen, as obras de época, eram, eu diria, uma atração por si só. Mas, ter o filme ambientado lá só adicionava um peso emocional ou a conexão que as pessoas tinham com o destino, pois estavam acompanhando o crescimento dos personagens ou pelo menos o desenvolvimento dos diferentes relacionamentos.

 

[00:07:59] Brandon Esta pode ser uma pergunta um pouco complexa. É algo que Angelique e eu vamos abordar mais adiante no episódio: como saber o motivo pelo qual alguém vai para o Four Seasons na Sicília? É por causa de White Lotus ou por causa do destino? Então, com base na sua experiência e expertise, qual foi o primeiro filme ou programa de televisão que impulsionou esse conceito de set-jetting em grande escala?

 

[00:08:26] Dr. Pratt Alguns dos primeiros artigos acadêmicos sobre esse tema foram sobre filmes como Campo dos Sonhos. As pessoas queriam ir e ver o lugar em que Kevin Costner jogava beisebol, onde construiu o campo de beisebol. Esse foi um dos primeiros filmes que as pessoas começaram a falar. Campo dos Sonhos, Magnólias de Aço. Esses são alguns dos primeiros filmes que impulsionaram o turismo cinematográfico.

 

[00:08:51] Angelique Talvez o Kevin Costner tenha impulsionado o turismo cinematográfico. Ele fez vários filmes…

 

[00:08:55] [00:08:55] Brandon O Chamado da Floresta. [0.5s]

 

[00:08:57] [00:08:57] Angelique O Chamado da Floresta. [0.1s] Yellowstone. Talvez tudo tenha começado com ele. É tudo culpa do Kevin Costner.

 

[00:09:02] Dr. Pratt Com certeza, grandes nomes geram burburinho. Para responder à sua pergunta, nós categorizamos em 3 grupos. Primeiro, existem turistas cinéfilos. Adoram o filme e compram passagens e hotel para visitar o local, por exemplo. Depois, há as outras pessoas, que iriam para o Havaí de qualquer maneira. Aquelas que querem surfar ou fazer várias outras coisas. Mas estão lá e têm interesse. Elas viram a série e querem visitar os lugares, mas isso acontece meio que por acaso. Elas não sabiam de nada, mas chegaram ao local e descobriram que era possível. E para voltar ao assunto em que você tocou, Angelique, alguns destinos aproveitam a tendência. No Reino Unido, por exemplo, há os mapas de filmes. Uma das primeiras organizações de marketing locais a utilizar ou aproveitar o turismo cinematográfico foi o Reino Unido, com a distribuição desses mapas de filmes para que turistas dirijam por conta própria e visitem diferentes locações onde os filmes são ambientados.

 

[00:10:04] Angelique Gostaria de saber a sua opinião sobre o turista fanático por cinema, porque para mim é um grupo interessante de pessoas que vão para destinos onde não se parecem com o turista comum. Digo isso porque li um artigo sobre os impactos do turismo em partes da Irlanda e na Ilha de Mull, na Escócia. Eles estão acostumados com turistas que buscam paz, calma e férias tranquilas. E, de repente, chega um grupo de pessoas por razões muito, muito diferentes. Você acha que isso pode mudar, talvez de maneira negativa, a percepção sobre o impacto do turismo nesses locais? E o que esses destinos precisam fazer para se adaptarem aos novos grupos de turistas?

 

[00:10:51] Dr. Pratt Houve um grande problema há alguns anos na Irlanda com um programa de TV infantil chamado Balamory. Não sei se você se lembra.

 

[00:11:00] Angelique Foi sobre isso que eu li.

 

[00:11:01] Dr. Pratt Mas todas as diferentes partes interessadas, incluindo a comunidade local em primeiro lugar, bem como a organização de gestão do destino e as próprias empresas de turismo, precisam de algum tipo de esforço coordenado para organizar essa situação. É a economia da experiência, não é? As pessoas querem ir ao local para ver o interior dos cenários, usar as roupas dos seus personagens favoritos, recitar as falas ou publicar no TikTok. Encenar os diálogos icônicos em cada destino, não é? Todos ficam com uma expectativa maior em termos dos tipos de experiências das quais querem participar. E parte disso está relacionado à novidade. Isso é um fator, o prestígio, postar no Instagram e TikTok, talvez no Facebook para os mais velhos, e mostrar que estiveram esteve lá. 

[00:11:49] Brandon E isso é um grande negócio. Acho que seria ótimo aprofundar um pouco mais aqui. Como o turismo de entretenimento afeta as economias locais? E quais lugares equilibraram bem os impactos negativos do turismo em excesso?

 

[00:12:05] Dr. Pratt Sim. Os benefícios, conforme esperado, incluem o efeito multiplicador e, é claro, há muitas cadeias de suprimentos. No entretenimento, os turistas costumam ser um pouco diferente do comum. Eles saem para visitar o local, então precisam de transporte mais do que os turistas típicos que ficam em hotéis ou resorts, que tendem a permanecer mais nas propriedades. Então, há esse tipo de impacto, o que, é claro, significa criação de empregos e abertura para o empreendedorismo. Muitas pessoas com mentalidade empresarial estão criando tours ou virando guias turísticos. São superfãs que se tornam guias turísticos e ajudam a contar a história. Falamos sobre a economia da experiência, mas também é sobre contar histórias. É sobre interagir. É sobre conversar com os moradores, perguntar: como foi quando as empresas de cinema estavam no local? Como era antes? Que tipo de legado foi deixado? Em termos dos aspectos negativos, há algumas estratégias muito adotadas, como organizar festivais de cinema em diferentes épocas do ano, nos períodos menos movimentados ou durante a média temporada, quando talvez os turistas de verão já estejam indo para o local. E então, queremos quase que desestimular o turismo nesses períodos movimentados e criar eventos, festivais e promoções associados a filmes ou programas de TV na média ou até mesmo na baixa temporada.

 

[00:13:36] Brandon Quase todo filme é ambientado em algum lugar, sendo ele filmado lá ou não. O que você acha que causa a distinção na mente de um viajante para dizer: "é um lugar para onde eu quero ir"? É a qualidade da filmagem? São as histórias dos personagens, como você disse antes? O que desperta esse desejo de viajar na mente de viajantes?

 

[00:13:58] Dr. Pratt Nos filmes, a fotografia tem muito a ver com isso, a maneira como o local é retratado. Por exemplo, fui professor em Fiji por 4 anos e o Survivor foi ambientado lá, talvez nas últimas 10 temporadas. E, é claro, há muito material de apoio com imagens do país e eles estão realizando atividades, enfrentando desafios e eliminando participantes. Para os turistas, é uma série. As pessoas só querem assistir. E isso é bem incomum. Quer dizer, não houve muitos filmes ou séries gravados em Fiji. Acredito que há destinos que são famosos de qualquer maneira. Por exemplo, o Empire State Building ou a Torre Eiffel. E, sim, pode haver alguns filmes ambientados lá, mas talvez seja um pouco mais difícil ter uma experiência pura de turismo cinematográfico. Esses lugares já são bem conhecidos, embora, dependendo do filme ou da série, haja uma associação com isso. Sabe, eu fiz um trabalho sobre o Castelo de Highclere no Reino Unido, cenário de Downton Abbey. As pessoas já visitavam a mansão. Mais uma vez, o aspecto geográfico entrou em jogo. Mesmo dentro da casa, havia o andar de cima, dos aristocratas. E, depois, o andar de baixo, dos criados. Então, esse aspecto geográfico entrou em jogo. Acho que isso também afeta como a obra é filmada. Uma das reviravoltas interessantes é quando o filme tem uma história negativa. Um filme de terror, por exemplo, ainda é ficção, mas é gravado de uma forma negativa, e é aí que se torna ainda mais fascinante. Algumas das organizações de marketing locais propõem um contrato para dizer o que você não pode fazer. Sei que isso acontece em Fiji, o país não permite e precisa ler os roteiros. Não é permitido retratar o país de modo negativo em filmes. Escrevi um artigo sobre Borat, o primeiro filme. Foi fascinante, pois Sacha Baron Cohen escolheu o Cazaquistão apenas porque os americanos não sabiam nada sobre o país. Poderia ter sido o Tajiquistão. Poderia ter sido o Quirguistão. Eles acabaram escolhendo o Cazaquistão. E o filme foi proibido no Cazaquistão. As pessoas descobriram o país. E o país ficou conhecido. Eu argumento no artigo que as pessoas queriam ir lá para ver como era o verdadeiro Cazaquistão. Elas sabiam que era um documentário fictício. Sabiam que era uma farsa. Uma curiosidade é que as cenas de abertura da suposta vila no Cazaquistão foram filmadas na Romênia. O cenário não era no país. Quando o segundo filme foi lançado, o marketing e o governo do Cazaquistão entraram na brincadeira, compartilharam a piada e usaram o filme para promover, digamos, o verdadeiro Cazaquistão. Isso, eu acho, foi um estudo de case muito interessante sobre os impactos do turismo cinematográfico, pois as pessoas eram atraídas para lá, para um local diferente, por um motivo negativo, mas que ainda assim rendeu alguns benefícios. Então, houve essa reviravolta no final. Quando a sequência foi lançada, eles entraram na onda e disseram que o Cazaquistão é legal, com a voz do [00:17:23] Borat. [0,0s]

[00:17:24] Angelique Quero falar um pouco agora sobre o que você mencionou, o envolvimento dos governos, sobretudo em nosso setor, e a participação das organizações de turismo nessas situações. Sabemos que a organização de marketing local e o governo se beneficiam de modo espontâneo quando filmes retratam lugares específicos, mesmo que não tenham tido qualquer envolvimento no processo. Na sua experiência, como isso funciona? Alguns governos fazem um trabalho melhor de atrair estúdios para filmar em determinados locais? Qual é a dinâmica em jogo, por exemplo, para a terceira temporada de White Lotus? Imagino que houve uma expectativa de onde seria filmada a próxima temporada. Acho que a Tailândia está nos planos. Como o local de filmagem é escolhido e qual é a relação entre organizações governamentais e empresas de produção cinematográfica a fim de garantir uma colaboração benéfica para ambos os lados?

 

[00:18:25] Dr. Pratt Sim, é um grande risco. É um risco enorme porque não se sabe até que ponto o filme vai ser popular e atrair turistas. Mas os incentivos fiscais são todos liberados com antecedência, certo? Muitos destinos oferecem benefícios muito vantajosos e lucrativos para receberem produções cinematográficas. É uma grande aposta, e foram necessários milhões de dólares em incentivo fiscal para convencer equipes de filmagem e diretores a escolherem esses locais. Quer dizer, a Tailândia é um caso muito interessante porque já houve uma experiência com A Praia, com Leonardo DiCaprio, não é? E foi necessário fechar a praia, o lugar ficou popular demais.

 

[00:19:12] Brandon Eu tive a sorte de visitar a praia antes do fechamento. E acho que as preocupações que você está mencionando são muito válidas. Pensando no que vem depois, acho que uma das oportunidades para o destino é após a gravação e antes da estreia, antes do lançamento. Como é esse processo de planejamento? E, Angelique e Steve, acho que vocês dois têm conhecimentos para ajudar a responder a essa pergunta. Mas, pensando na perspectiva do público, como se preparar melhor quando já se sabe que vai haver um pico de turismo gerado pelo programa de TV ou filme?

 

[00:19:50] Angelique Eu gostaria que os destinos se preparassem do mesmo jeito que fariam em outras situações em que há aumento de turistas. E acredito que isso tem muito a ver com todas as outras questões que estamos debatendo no setor agora, como sustentabilidade e acessibilidade. Acho que é importante garantir que qualquer pessoa que queira viajar possa fazer isso, não apenas do ponto de vista das limitações financeiras, mas assegurando que o destino esteja aberto, seja acolhedor e que as comunidades locais sejam receptivas à possível chegada de visitantes. Então, eu espero que as mesmas regras se apliquem quando se sabe que um destino específico está buscando aumentar os seus níveis de turismo.

 

[00:20:38] Dr. Pratt A relação entre filme e destino precisa ser coerente, certo? Os dois precisam ser compatíveis. A Nova Zelândia não tinha o slogan 100% Pure antes. E agora, se você assistir O Senhor dos Anéis, é claro, a paisagem é incrível. Está lá para todo mundo ver. Eles estão aproveitando os recursos que têm, e acho que é por isso que foi filmado lá, integrando todos esses elementos. Então, também é importante que futuras parcerias ou promoções do filme motivem as pessoas a visitarem o destino, além de estarem em harmonia com a imagem já existente do local e dos seus atributos. Adotar uma perspectiva abrangente é um bom conselho. 

[00:21:26] Brandon Vamos falar sobre o futuro. Com base nos programas de TV e filmes populares no momento, vamos exercitar as nossas habilidades de previsão. Steve, quais são os próximos destinos que vão estar em alta?

 

[00:21:38] Dr. Pratt Ainda há um fator importante que notamos no pós-COVID. As pessoas ainda estão um pouco preocupadas com aglomerações e o retorno à natureza. Acho que vamos ver a integração da tecnologia. Toda a inteligência artificial e a realidade virtual relacionada a filmes e como essas tecnologias podem ser usadas. Acredito que isso vai ser importante em termos de destinos. Sim. Eu gostaria de ver isso. Sou tendencioso, mas a Austrália e a Nova Zelândia ainda têm muito a oferecer em termos de paisagens únicas. Acredito também que depende muito da história e dos personagens. Acho que os filmes podem ser ambientados em vários lugares diferentes. Se houver uma conexão emocional entre o público e a história, se as pessoas se identificarem com os personagens, a paisagem se torna uma parte integral da experiência.

 

[00:22:35] Brandon Angelique, e você? Vou fazer a mesma pergunta. Quais vão ser as próximas tendências?

 

[00:22:40] Angelique Acho que é impossível responder a essa pergunta. Se White Lotus for mesmo filmado na Tailândia, isso com certeza vai despertar interesse. Eu gostaria de ver alguns países que estiveram fechados por muito tempo e que ainda não se recuperaram da pandemia. Os países asiáticos que estão começando a reabrir agora. Muitas pessoas estão começando a se interessar de novo pelo Japão. Com as fronteiras reabertas, acredito que há uma oportunidade para esses destinos aproveitarem a nova onda de interesse no turismo cinematográfico. Concordo com Stephen. Também estou interessada na tecnologia. E acho que a tecnologia vai ajudar a compreender melhor os destinos que aparecem nos filmes e deixar o processo de escolha mais rápido, mais fácil e melhor. Não vamos mais precisar procurar o local onde uma obra foi filmada. Você assistiu algo há quatro anos e depois teve que procurar em cem lugares diferentes onde a gravação foi ambientada? Eu imagino que era mais difícil descobrir onde Game of Thrones foi filmado na Croácia, na Irlanda etc. do que talvez seja agora com algumas das funcionalidades interativas disponíveis na Netflix e no Amazon Prime. Com essa usabilidade e a tecnologia, visitar os destinos que você consome em filmes e séries fica muito mais fácil.

 

[00:24:11] Brandon Minha última pergunta. Quero provar o conceito de desejo de viajar. Então, vamos fazer um pequeno bate-bola. Primeiro, o Steve. Depois, a Angelique, e eu vou encerrar. Qual é o local que você viu em um programa de TV ou filme para o qual quer viajar, mas ainda não foi?

 

[00:24:26] Dr. Pratt Oh, minha nossa. Ainda não fui ao México, então quero ver as pirâmides maias e incas. O México está na lista. Estou bem perto aqui em Orlando. Então, mal posso esperar para ir ao México. Está na minha lista há muito tempo.

 

[00:24:47] Angelique Brandon, acho que para mim, o destino que nunca esteve nos meus planos foi Montana, Wyoming, Utah. Sou americana. Agora moro em Londres, mas nunca foi uma parte dos Estados Unidos que tive interesse em visitar. Depois de assistir Yellowstone nos últimos meses, é o primeiro da lista para alugarmos um rancho na Vrbo e levar o meu filho, que é obcecado por dinossauros, para uma expedição arqueológica e apenas admirar essas paisagens fantásticas. Então, para mim, nunca foi um destino que considerei, e acho que é um exemplo de como a TV pode ser poderosa para mudar a nossa mentalidade.

 

[00:25:38] Brandon Sim, acho que temos algumas propriedades em Yellowstone na Vrbo.

 

[00:25:41] Angelique Eu sei. Já coloquei nos favoritos. Sim.

 

[00:25:44] Brandon Você olha todos os dias. Mas eu também faço isso. Eu fui uma daquelas pessoas que pesquisou onde White Lotus foi filmado. Talvez precise guardar um pouco de créditos OneKeyCash antes de ir para lá. Mas vou ficar no meu país mesmo. Tem um lugar para o qual eu quero muito ir. Assisti Kyle Chandler em Bloodline quando saiu na Netflix antes da pandemia e pensei, Florida Keys é incrível. Preciso ser o meu próximo destino. Há algum tempo, começaram a oferecer voos diretos de Chicago, então acho que o meu próximo destino vai ser Florida Keys. Mas sim, há muitos destinos e países diferentes. Você mencionou o México, e uma cena incrível no final de Um sonho de liberdade veio à mente. É claro, existem muitas oportunidades para as organizações de gestão de destinos e para o setor de viagens como um todo na colaboração com TV e cinema. E esta foi uma conversa bastante empolgante e agradável para mim. Então, muito obrigado a ambos por torná-la tão divertida e proveitosa.

 

[00:26:47] Dr. Pratt Excelente. Obrigado, Brandon.

[00:26:52] Brandon Dr. Pratt. O detalhe desse tipo de viagem é que não é algo novo, mas tem um impacto significativo nos destinos e nas suas economias.

 

[00:27:03] Angelique Isso mesmo. Também gosto que ele abordou tanto os pontos positivos quanto negativos do turismo impulsionado por filmes. Nem sempre ouvimos sobre o lado negativo das coisas e, em particular, achei fascinante a pesquisa que ele fez sobre o filme Borat e o impacto que teve no Cazaquistão.

 

[00:27:21] Brandon Sim, não planejei falar sobre Borat no podcast Powering Travel. Mas eu acho que este é um ótimo momento para discutir alguns novos trabalhos muito relevantes da sua equipe. Também estão relacionados àquela conversa que tivemos com o Dr. Pratt.

 

[00:27:37] Angelique Claro. Há pouco tempo, anunciamos uma nova ferramenta que, embora eu seja um pouco parcial, considero bastante inovadora nesse espaço específico.

 

[00:27:48] Brandon Bem, acho que os fatos falam por si. Então, este é um produto e plataforma pioneiros no setor. Você pode explicar por que e como ele é tão único?

 

[00:27:57] Angelique Com certeza. A minha equipe no Expedia Group Media Solutions criou a primeira plataforma de tecnologia de viagens e publicidade desse tipo. Mas o que isso significa, além de um monte de jargões do setor? O que esperamos oferecer é uma plataforma de tecnologia de viagens que proporcione às pessoas as ferramentas para pesquisar e reservar enquanto estão assistindo a conteúdo de viagem. Na verdade, tudo o que estamos discutindo hoje, o turismo de entretenimento, vai virar itens reserváveis. A realidade é que, para os ouvintes, não há escassez de conteúdo sobre viagem no mundo em nosso setor. Além disso, os nossos parceiros gastam muito tempo e dinheiro produzindo esse conteúdo. Mas o retorno sobre o investimento, o ROI, sobretudo do turismo de entretenimento de alto valor, é difícil de medir. Por isso, a nossa ambição é que essa nova tecnologia proporcione não apenas um benefício para viajantes, mas também ofereça aos nossos parceiros uma nova maneira de mensurar e atribuir o valor desse conteúdo às reservas. Com a tecnologia de plataforma de compras, criamos um canal para que todo o incrível conteúdo produzido seja comprado. O nome da plataforma é Go USA e apresenta novos artigos, conteúdo inspirador de viagens. Ele tem mapas interativos, itinerários instigantes, bem como destaca a amplitude e profundidade do conteúdo de viagem em toda a diversidade dos estados. Ao mesmo tempo, disponibiliza a viajantes uma maneira de reservar hotéis, experiências e ver informações, tudo enquanto o conteúdo está sendo visualizado em tempo real. 

 

[00:29:55] Brandon Legal. Vamos ver se entendi. No passado, estou assistindo a um programa de TV. Vejo um hotel ou local de que gosto. Então, tenho que acessar o Google para descobrir onde foi filmado e, com sorte, alguém já descobriu o hotel. Depois, tenho que ir para o app da Expedia e procurar o hotel. Fale mais sobre essa experiência.

 

[00:30:14] Angelique Agora, você faz tudo no mesmo lugar. Lembrei de algumas sessões de ideias e criatividade, no início de tudo, e era isso que tínhamos em mente. A gente também viaja e sabe como funciona. Havia uma oportunidade de ajudar viajantes nessa jornada, eliminando a pesquisa sobre onde uma obra foi filmada. Com a Expedia e o poder da tecnologia, os nossos parceiros fornecedores conseguiram reunir tudo em um só lugar para transformar a viagem dos sonhos em realidade de maneira bem simples.

 

[00:30:51] Brandon Sim, parece que a plataforma encontra a pessoa na fase de inspiração da jornada de planejamento de viagem.

 

[00:30:58] Angelique Sim, e ela se conecta muito rápido com o próximo passo, que é a ação. Com tudo isso em mente, há uma grande oportunidade para trabalhar de maneira diferente com os nossos parceiros, ligando essa fase de inspiração ao planejamento de viagem. Acho que algumas empresas se concentram só nisso. Alguns dos nossos concorrentes estão mais ocupados focando as transações finais e, com essa nova tecnologia, podemos fazer ambos.

 

[00:31:29] Brandon Sim, adorei. Reduzimos muito do trabalho de encontrar o hotel. E há menos atrito na experiência do viajante. Fale um pouco sobre os benefícios específicos para os parceiros ao desenvolver algo desse tipo para os destinos.

 

[00:31:42] Angelique É sobre narrativas, não é mesmo? A plataforma vai permitir que profissionais de marketing contem histórias sobre destinos incríveis e deslumbrantes de maneiras criativas e inovadoras. Temos a esperança de quebrar algumas barreiras no espaço de turismo de entretenimento e ir além do que vimos ao longo de anos com narrativas editoriais muito comuns. Como o cinema e a TV são motivadores poderosos de viagens, e essa nova tecnologia permite que os destinos apareçam em diferentes tipos de conteúdo, estamos nos concentrando mais em vídeo não publicitário de médio a longo prazo. É conteúdo, no sentido de que está enraizado na narrativa.

 

[00:32:30] Brandon Como os destinos deveriam pensar sobre o que é comercializável e único para abordar de um ponto de vista de desenvolvimento de mídia? Ou seja, como dar o primeiro passo?

 

[00:32:39] Angelique Ótima pergunta. É um grande desafio, porque todo mundo está tentando se destacar em um ambiente muito saturado. A questão é que todos os destinos têm uma oferta única que pode ser incorporada a uma estratégia de conteúdo comercializável. Mas o que desperta o meu interesse de verdade e coloca a gente na direção certa é ter mais inteligência e promover a inovação na comunicação com o público. As pessoas não querem mais apenas receber informações por canais publicitários antiquados. Em vez disso, é preciso construir um ambiente baseado em lealdade, em confiança. Você está iniciando um diálogo com o público, uma camada de comunicação. Essa é a verdadeira mudança resultante de plataformas como essa.

 

[00:33:43] Brandon Sim. E também não precisa ser apenas sobre volume, certo? Parte disso é apresentar novos locais a viajantes que não conseguiriam encontrá-los por conta própria, não é verdade? Então, você pensa nessa maneira inovadora de criar oportunidades ou conteúdo que também podem apoiar os esforços de sustentabilidade do destino? Você pode contar um pouco mais sobre como isso funciona?

 

[00:34:04] Angelique Sim. A sustentabilidade é de extrema importância. Quando criamos conteúdo para os nossos parceiros, queremos o menor impacto possível no meio ambiente. Também sabemos que a dispersão é importante para os nossos parceiros. Enviar todo mundo para a mesma grande cidade onde já há excesso de turismo é um problema. É necessário descobrir outros tesouros escondidos e incentivar as pessoas a ir além do que já conhecem. Essa plataforma permite que a gente trabalhe com parceiros de modo a promover esses destinos menos conhecidos. Um exemplo é parte do conteúdo que vai ser disponibilizado na plataforma Go USA, voltado para aumentar a conscientização sobre, por exemplo, lugares na Califórnia, diferentes de Yosemite, Carmel, Monterey. Existe um problema crônico de excesso de turismo nesses locais. Então, é preciso dar vida a outras histórias que vão distribuir o turismo e se alinhar à mensagem de sustentabilidade.

 

[00:35:00] Brandon Você pode nos contar um pouco mais sobre a iniciativa de valor de conteúdo? O que é isso? Por que é importante para quem produz conteúdo e quer comercializar um produto ou destino?

 

[00:35:10] Angelique Falei um pouco sobre isso quando mencionei o retorno sobre o investimento e como é difícil mensurar o valor do conteúdo. É agora que eu começo a ficar animada. Acho isso muito legal. A Content Value Initiative é uma iniciativa recém-formada e de base, criada pela Brand USA. Eles convidaram empresas relevantes de viagens e hospitalidade para ajudar a abordar as complexidades na mensuração do impacto do conteúdo no setor. É um prazer fazer parte dessa iniciativa para que os nossos parceiros possam acompanhar e mensurar o impacto do conteúdo. A plataforma vai desempenhar um papel crucial nesse processo. Assim, o setor vai dar um passo fundamental em direção ao objetivo de criar uma mensuração padronizada para o impacto e valor do conteúdo, sobretudo em relação às decisões de reserva de viagens. Ainda está tudo muito no início, mas mais novidades vêm por aí.

 

[00:36:10] Brandon Adorei. Muito bem. Vou fazer uma pergunta agora. Com base nos últimos 30 minutos que passamos juntos, sei que você não tem tempo livre para assistir televisão. Mas, se você tivesse que viver para sempre em um set de filme ou programa de TV famoso, qual você escolheria?

 

[00:36:32] Angelique Boa pergunta, Brandon. A gente falou um pouco sobre isso com o Dr. Pratt. Mas, no momento, só consigo pensar em White Lotus. Se eu pudesse ser Jennifer Coolidge pelo resto da minha vida no set de White Lotus, seria o meu verdadeiro emprego dos sonhos. Não o emprego dos sonhos que tenho agora.

 

[00:36:52] Brandon Sim. Nossa, agora só consigo imaginar você como Jennifer Coolidge. E a segunda temporada ficou ainda mais especial para mim em White Lotus. Incrível. Foi um prazer. Muito obrigado por participar.

 

[00:37:05] Angelique Obrigada, Brandon, obrigada por me convidar.

 

[00:37:09] Brandon Vamos disponibilizar alguns recursos na descrição do episódio se você quiser saber mais sobre a nova plataforma de TV interativa. Obrigado mais uma vez por ouvir a segunda temporada do podcast Powering Travel. Queremos saber a sua opinião, entre em contato pelo e-mail PoweringTravel@ExpediaGroup.com. O endereço de e-mail é poweringtravel@ExpediaGroup.com, tudo junto: poweringtravel. Inscreva-se para receber notificações sobre o lançamento de novos episódios e não se esqueça de dar a sua nota e avaliar o programa. É assim que as pessoas encontram o podcast. Muito obrigado pela atenção. Temos alguns convidados incríveis e estou ansioso para saber o que todos vocês acharam deste episódio. Até a próxima. Este é o podcast Powering Travel. Eu sou Brandon Ehrhardt. 



Conheça os especialistas


Dr. Stephen Pratt 

Professor e Department Chair of Tourism, Events, and Attractions, University of Central Florida 

O Dr. Stephen Pratt, do Rosen College of Hospitality Management na University of Central Florida, tem interesses de pesquisa abrangentes que incluem economia do turismo, turismo cinematográfico e sustentabilidade. 

Angelique Miller 

Vice President of Creative Communications, Expedia Group

Angelique Miller é responsável pelo Expedia Group Media Studio, uma agência criativa interna completa que engloba equipes de design e desenvolvimento de criativos, produção de conteúdo, estratégia, mídia social e gestão de projetos. A equipe liderada por ela, composta por contadores de histórias dedicados, colabora com marcas para criar experiências de mídia únicas e envolventes.

Brandon Ehrhardt

Vice President of Marketing e apresentador do Powering Travel, Expedia Group

Brandon lidera o marketing de acomodações B2B no Expedia Group e desempenhou um papel fundamental na expansão dos nossos programas para parceiros, conduziu iniciativas estratégicas e ampliou o uso de informações sobre receitas para impulsionar o sucesso dos parceiros. Brandon mora em Chicago, Illinois, com a sua esposa e o filho, que já vê as viagens com entusiasmo.



Onde ouvir

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